2.4.13

MAIS DE 20 MIL CASAS POR ESTREAR ENTREGUES AOS BANCOS


IMOBILIZADO DEVERÁ ULTRAPASSAR OS  2,5 MIL MILHÕES
Herdade dos Salgados faliu e deve 1,2 mil milhões à banca
No ponto de vista económico, o primeiro dia de Abril ficou marcado por mais uma notícia confrangedora: Só habitações novas entregues aos bancos pelos construtores ou promotores ultrapassam as 20 mil. Portanto, falamos de casas que nunca foram habitadas que os construtores viram-se obrigados a entregar – por via da figura jurídica de Dações em Cumprimento - às instituições bancárias por não conseguirem pagar mais juros dos empréstimos à construção então contraídos. Estamos perante edifícios completos, fracções ou moradias, regra geral com dois anos ou mais, que não se conseguiram comercializar pelas mais variadas razões, todas ligadas à depressão que vivemos, sobretudo depois do final de 2008, agravada no decurso de 2009.
O acontecimento foi noticiado por todos os canais de televisão, mas numa perspectiva de quase normalidade de um mercado saturado. Mas será que a oferta é assim tão maior que a procura? E qual será o número de casas que realmente se encontram totalmente em poder dos bancos, atendendo aos milhares que são entregues pelos seus proprietários por não conseguirem liquidar as prestações?
O montante do capital imobilizado pode ser dramático. Mas situemo-nos nas notícias de ontem para faze contas simples que os Órgãos de Comunicação Social optaram por esquecer, talvez no intuito de não aumentar ainda mais as preocupações de todos nós. Vejamos:
        I.            Se multiplicarmos 20 mil fogos por um custo médio de 80 mil euros cada, obtemos um imobilizado de 1,6 mil milhões de euros;
      II.            Mas a média cifra-se na ordem dos 120 mil euros por habitação, o que nos atira para um número que ronda os 2,4 mil milhões de euros;
    III.            E quantas pessoas serviriam estes 20 mil lares? 50 Mil habitantes à média de 2,5 pessoas por casa. Mas podemos reter um exemplo: O concelho de Odivelas tem quase 150 mil habitantes para um universo de pouco mais de 37 mil lares.
Estamos claramente perante uma ‘bolha imobiliária’ à portuguesa, uma perturbação sem precedentes no sector da construção civil que ainda arrasta a banca para maiores dificuldades. Aliás, o resultado dos leilões que se anunciam dificilmente cobre o montante global que os bancos emprestaram aos construtores e promotores.
DÍVIDA AUMENTA SE LHE JUNTARMOS
OS 'BURACOS' DOS PROJECTOS PIN
E, nos casos de condomínios fechados, muitos resultantes de projectos PIN (projectos de Interesse Nacional, uma criação do governo de José Sócrates), o buraco que perdurará será relativamente grande, porque se emprestou dinheiro para a realização de projectos globais que englobavam os loteamentos, respectivas infra-estruturas, casas e em alguns casos unidades para exploração hoteleira, cujo valor das habitações ficará distante desses montantes. Portanto, a recuperação dos capitais investidos na construção poderá ser uma miragem.
Aliás, se juntarmos a estes 2,4 milhares de milhões de euros, mais 1,2 mil milhões que só o mega projecto da Herdade dos Salgados, no Algarve, deve à banca, então estamos perante dívidas que somam uma pequena fortuna que deverá ultrapassar os 3,6 mil milhões.
A estes números teremos ainda de somar a esta crise imobiliária os ‘buracos’ de outros projectos PIN que se encontram falidos e que devem ascender a mais de 4,5 mil milhões. Ou seja, se todas estas contas forem bem-feitas e publicadas chegaremos à conclusão que o sector da construção será responsável por um débito maior que o tão propagandeado deficit do arquipélago da Madeira, que sendo questionável do ponto de vista das opções foi, pelo menos, maioritariamente investido em infra-estruturas que vão perdurar no tempo e se encontram à vista de todos os que visitam a região.
 

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