19.11.12

Surreal: Quem recebe rendimento social de inserção não pode ser voluntário em instituições públicas

Cursos de informática com o velho office 2003 ministrados a especialistas
Vivemos num estágio de miséria, na indiferença de regras que não se conhecem, desajustadas da realidade e ainda assim, quando se faz luz de algo que poderá ser importante, temos de pedir licença a quem manda na união europeia. Temos de vergar e de pedir por favor, preferencialmente de joelhos.
Mas cá dentro há leituras e legislação surreal: Fica de fora do entendimento de todos determinadas regras para quem se encontra a receber RSI, rendimento social de inserção. Ora, como é possível que uma jovem que recebe pouco mais de 130 euros mensais não possa fazer trabalho voluntário em nenhuma instituição pública?
Isto mesmo foi o que afirmou uma técnica da Santa Casa da Misericórdia quando confrontada com o desejo da jovem em participar num qualquer projecto de trabalho voluntário, num estabelecimento da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. A técnica respondeu: «Não pode porque recebe RSI e encontra-se integrada no programa de inserção cujas entidades promotoras são o IEFP, Instituto de Emprego e Formação Profissional, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e a ARS, Administração Regional de Saúde».
Não menos extraordinário é submeter jovens desempregados a planos de formação que incluem cursos de informática, na óptica do utilizador, que são realizados utilizando o velho ‘office 2003’. Mais: obrigam-se a ser submetidos a esta formação precisamente jovens formadores de informática, alguns até já licenciados e que se encontram na situação de desempregados.
Antes de reinventar as funções sociais do Estado, devíamos exigir que o poder político descesse à rua, ao quotidiano dos portugueses, vivesse as instituições por dentro, para perceber a quantidade de asneiras que se fazem, o desperdício de vontades em trabalhar ou simplesmente de pessoas dispostas a ajudar o País, muitas vezes troco de nada ou muito pouco.
A isto, sim, chama-se viver num estágio de miséria, num País que não reconhece as capacidades de cada um dos seus. É seguramente mais fácil cobrar impostos.

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