13.8.12

Castelo Melhor: Mais uma vez D.Dinis.




Castelo Melhor


Por um daqueles acasos, no meio de vales e montanhas, na zona onde o Douro se cruza com o Côa, encontrei uma sinalética que dizia: "Castelo Melhor". Pela curiosidade que me despertou o nome e porque o nome me "dizia algo", resolvi ir visitar.

Entrei numa pequena povoação que parecia abandonada, na qual, casas de diferentes épocas e em diferentes estados de conservação se cruzam com ruas, quelhas e becos quase desertos, numa infeliz realidade que caracteriza várias  regiões do interior do País.

Em  2 ou 3 minutos, o tempo que em marcha muito lenta chegou para atravessar toda a aldeia, cheguei à base de um monte, da qual se podia avistar a muralha de um castelo. Não era uma daquelas muralhas que normalmente caracterizam os castelos portugueses, pelo contrário era bem diferente, não só pela pedra utilizada, como também pela arquitectura.

Subi na direcção do Castelo, até que sem qualquer sinalização, já junto à muralha, o acesso acabou. Saí do carro, olhei em todas as direcções, não havia ninguém, nem tão pouco qualquer informação. Junto à fortaleza, a qual servia para segurar uma vedação, apenas  havia meia dúzia de cabritos e algumas galinhas que pareciam olhar com ar desconfiado. Continuei a subir e cada vez mais surpreendido com a tipologia da construção procurava alguma informação, a qual infelizmente teimava e não aparecer. Os sinais de degradação e de abandono, a cada metro que passava era cada vez mais evidente, até que cheguei ao topo, o qual tinha uma vista fantástica, mas tudo (degradação, abandono e informação) continuava na mesma.

Depois de contemplar o que me rodeava iniciei o percurso em sentido contrário. Com enorme dificuldade consegui tirar o carro, dei mais duas voltas à aldeia na tentativa de encontrar alguma informação, até que encontrei uma placa que dizia: "Cento de Informação", ao qual me dirigi de imediato.

Era uma casa feita em pedra, bonita e exteriormente muito bem conservada. Parei o carro, saí e aí apareceu um homem que me disse: ò amigo, aí está tudo fechado, isso é uma mais uma vergonha nacional! Se quiser venha aqui tomar um café, eu conto-lhe tudo.

Fiquei renitente, mas perante a insistência, em boa hora lá entrei. Falou-me da economia da região, deu-me a provar vários produtos da zona (acabei por comprar alguns) e contou-me parte da História  do Castelo Melhor e daquela zona.

Para além de Castelo Melhor (Freguesia) ser a acessibilidade ao maior núcleo de arte rupestre de Vale do Côa e aquele centro de informação, que está quase sempre encerrado, ter supostamente a função de prestar informações sobre a zona, este monumento, segundo o interlocutor, foi erguido pelo Reino Aragão, no SEC. VIII, após os árabes terem sido expulsos daquela região e tinha como função substituir um que tinha existido um pouco mais à frente, que os mesmos árabes haviam destruído e que fazia parte da Cantábria.

Depois de me falar sobre a origem do Castelo Melhor e deste nome derivar do facto deste castelo ser melhor que o anterior, o meu interlocutor conclui dizendo "e após várias lutas, porque estava na linha fronteiriça, Castelo Melhor só ficou definitivamente português porque, D. Dinis, na altura da negociação do Tratado de Alacanizes, assim o quis".


Nota: Aqui pode ver um filme sobre Castelo Melhor.

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