1.5.11

Ideias comuns, desentendimentos e contas por aprovar

As contas da Freguesia de Odivelas não vão chegar a horas ao Tribunal de Contas.


A nossa política recheia-se de acontecimentos estranhos, mesmo de uma espécie de inconsciência alargada. Afinal de contas temos militantes do PSD que perfilham algumas das justificações do primeiro-ministro para a crise onde nos encontramos.


Na Assembleia de Freguesia de Odivelas, a segunda maior do País, a bancada social-democrata apresentou uma Moção sobre a comemoração do 25 de Abril, muito “colada” à anterior apresentada pela bancada do Partido Socialista que evocam a crise internacional e a especulação das agências de rating que consideram inadmissível.


Na declaração do PSD lê-se: “Este ano, a sua comemoração ficou marcada pela grave crise económica e social em que o País se encontra. Fruto de decisões políticas mal tomadas ao longo dos últimos anos e do agravamento da crise mundial, bem como da vergonhosa especulação dos mercados financeiros e seus agentes”.


Ora como convém a culpa é sempre dos outros, da crise global que há-de continuar enquanto a nossa crise persistir e das agências de classificadores (rating). De certeza que nós não temos nada a ver com isso? Certamente que foi por causa desses especuladores dos mercados financeiros que, por exemplo, nos deixou sem tempo e ideias de projectos para investir mais de 700 milhões de euros de incentivos comunitários no sector agrícola, e agora os tivemos de devolver. Pelos vistos, a visão sobre os problemas do País continua a ser curta para os militantes dos dois maiores partidos nacionais.


Mas o mais extraordinário nesta Assembleia foi a declaração política pronunciada pelo representante da Juventude socialista que lamentou que a Junta de Freguesia apenas tivesse realizado um evento para os jovens, enquanto o município primava pela organização de um conjunto quase infindável de acontecimentos dedicados aos mais novos. O Eleito socialista deu um “tiro nos pés”, ou não fosse o Executivo da Freguesia de Odivelas ser composto por uma coligação onde se encontram destacados militantes daquele partido.


Estaremos perante um pronuncio de desentendimento entre os protagonistas de um acordo pós-eleitoral? Afinal, o duelo previsível que se avizinha entre socialistas e sociais-democratas poderá não estacionar na Calçada Carriche e entrar nas ruas de Odivelas.


Nesta Assembleia nem se chegou a debater qualquer dos pontos da ordem de trabalhos e as contas do exercício de 2010 não serão entregues, amanhã, no Tribunal de Contas.



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