19.3.11

O Espaço (Chiado) da desilusão

Uma desilusão!
Mais de metade das lojas do Espaço Chiado encontram-se fechadas.

A crise chegou a um espaço quase virtuoso, onde algum modernismo se confunde com paredes seculares protegidas por vidros, e a calçada portuguesa tricolor polida.
Nem os escritórios e o estacionamento no edifício livram aquele espaço comercial das dificuldades económicas da maioria dos consumidores. Dentro do Espaço Chiado resistem a joalharia, uma casa de antiguidades e uma loja peculiar que vende música só em vinil, precisamente os velhinhos e novos “discos” LP de 33 rotações e os singles que rodam a 45! Melhor ainda é que ali encontramos de tudo, do melhor jazz aos Doors, passando pelos Beatles até às emblemáticas músicas do filme Casablanca protagonizado por Ingrid Bergman e Humphrey Bogart. Vale a visita e os preços são mais baixos que na FNAC.
Mas o Espaço Chiado não está em agonia sozinho. Muitas das lojas naquela zona, entre a Rua Garret e o Largo do Carmo encontram-se às moscas. Vivem momento de resistência e queimam os últimos cartuchos.
Mas não será menos verdade que estes espaços têm de estar cada vez mais esplendorosos para ultrapassar o momento – tudo deve estar um brinco para satisfazer os muitos estrangeiros que passeiam pelo Chiado e Bairro Alto. E é aqui que temos de torcer a orelha. Por exemplo no impecável Espaço Chiado, as instalações sanitárias fazem-nos lembrar o pior que se pode ter numa barraca inabitável – são uma verdadeira vergonha!
Assim não vale. Tapar o Sol com a peneira é a pior solução. Precisamente o que não devemos fazer. O turismo exige qualidade global, muito mais quando falamos de locais que sobrevivem do consumo. E se os portugueses se encontram à rasca, então que saibamos estender a mão a quem têm os bolsos bem mais cheios e sem vergonha.

José Maria Pignatelli

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