8.2.11

Pode haver luz (1).


O Divórcio.

Decorreu há poucos dias mais um acto eleitoral, desta vez para eleger o mais alto representante do Estado, o Presidente da República.

Os resultados já todos conhecemos, para além disso também já foram suficientemente esmiuçados pelos melhores especialistas da nação. Todos tiraram várias ilações, mas há uma, vá lá saber-se porquê, pelo menos que eu tenha dado conta, que ninguém tirou, a qual será por ventura a mais importante e sobre a qual é urgente que se faça uma profunda reflexão.

Independentemente da vitória incontestável de Cavaco Silva, de ele ser entre os candidatos que se apresentaram, a escolha mais ponderada, a grande verdade, é que nestas eleições há um enorme derrotado do qual ainda ninguém falou (vá lá saber-se porquê) - a generalidade da classe politica.

Vejamos:
1)
Não votaram 5.164.175 eleitores (53,4%).
2) Pessoas que se deram ao trabalho de ir votar e que o fizeram em branco ou que anularam o boletim, foram 286.864 (191.283 brancos e 85.581 nulos).
3) Fernando Nobre, José Coelho e Defensor de Moura tiveram juntos 849.271. Estes votos, quanto a mim, não estando em causa a validade e as razões porque cada um optou por eles, também os considero de certa forma, ou totalmente, como votos de protesto contra a classe politica. Nenhum destes candidatos foi apoiado por partidos.

Estes 3 pontos reflectem claramente que 6.300.310, dos 9.652.472 eleitores, o que equivale a dizer que 65% dos eleitores, não aceitaram ir votar e/ou não aceitaram votar nos candidatos tidos como políticos e apoiados pelas máquinas partidárias (Cavaco, Alegre e Lopes). Estes três candidatos juntos só tiveram 35% dos eleitores a votar neles.

Os números apresentados são avassaladores, apontam-nos para existência de um divórcio claro entre os eleitores e a classe politica. Perante este facto e sabendo do perigo que ele pode representar para o estado democrático, só nos resta uma solução, reflectir com seriedade e alterar radicalmente os comportamentos.

A política só pode ser encarada com espírito missionário, deixando para trás interesses, pessoais e/ou corporativos, e colocando sempre em primeiro lugar os superiores interesses das pessoas e da comunidade pela qual somos eleitos.

In: Nova Odivelas - 4/2/2011 - Pode haver luz.

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