25.10.10

Um tiro no comércio

Hipermercados autorizados a abrir nas tardes de domingo.

E, por exemplo a Sonae nos Continente aproveita para oferecer 10% de desconto sobre qualquer produto a incluir no cartão da marca.

Extraordinária operação de marketing para quem entende que as receitas de domingo são uma maior valia no prestigio do que mera operação financeira. Joga-se o poder no seu maior expoente e convida-se a comunicação social a aplaudir o acontecimento.

Também aqui engavetamos a nossa liberdade e a dos que investiram uma vida num comércio cujas saídas são cada vez menores por maior empreendedor que se possa ser.

Por mais engenhosos que sejam os patrões do comércio local de porta aberta para a rua, é difícil contrariar as estratégias de marketing da grande distribuição ou seja das grandes superfícies comerciais.

O legislador ou não percebe ou nem quer ouvir falar nisso. Naturalmente que devemos estar do lado da livre concorrência, mas porventura de uma liberdade que deverá ser devidamente regulamentada.

Se uma empresa como a Sonae negoceia preços e prazos de pagamento ajustados à grandeza que tem, milhares de furos acima da loja de rua, com a possibilidade de poder estar de portas abertas todos os dias cerca de 13 horas, deixa o pequeno lojista atado de pés e mãos obrigado a investimento bem maior se pretender concorrer – mais salário para maior tempo de mão-de-obra, mais consumo de electricidade e stock mais actualizado a obrigar maior trabalho de logística e claro de esforço publicitário.

Depois na grande superfície encontramos lojas de quase tudo, enquanto na rua arrisco a encontrar uma meia dúzia de lojas abertas e metade do ramo da restauração. Também na rua temos maior dificuldade em estacionar o automóvel ao invés das grandes superfícies onde esses espaços estão garantidos e quase sempre gratuitos.

José Maria Pignatelli

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