3.8.10

Vidas que se perdem

O País fica mais pobre todos os dias. Perdem-se vidas, todas importantes, mesmo as mais anónimas. E perdem-se por doença, pela velhice ou em acidentes que, sejam quais forem, são sempre estultos.

No Domingo foi uma criança que caiu de uma janela, ontem uma outra afogou-se num lago artificial de um campo de golfe.

Mas no fim-de-semana sete outros portugueses pereceram sobre o asfalto das nossas estradas naquilo que devemos considerar como das violências mais gratuitas.

Mas nestes últimos dias também morreram figuras mais públicas.

O cancro levou três deles:

· Tiago Alves, o judoca campeão europeu de 18 anos;

· António Feio, humorista, artista e encenador dos mais prestigiados;

· Bettencourt Resendes, jornalista.

Antes foi a vez de Beto, cançonetista e compositor, foi vitima de um acidente vascular cerebral.

A morte de Tiago Alves e Beto foi menos mediatizada. Detalhe sem grande significado. No entanto, devo-lhes aqui prestar homenagem porque ambos tinham a cultura do trabalho da dedicação a uma arte e a cultura da partilha.

Beto tornou-se conhecido por isso mesmo, por saber ajudar os mais desfavorecidos oferecendo a sua voz, talvez por ter nascido em Peniche e conhecido bem as dificuldades de quem não têm lugar entre os mais afortunados. Mas o artista teve tempo de marcar o panorama da música ligeira portuguesa e de ter protagonizado projectos de maior interesse e qualidade.

Assinalo aqui estas quatro perdas porque se tratam de pessoas que marcaram muitos outros e deixam um encalço que pode servir de exemplo, naturalmente como tantos outros anónimos. Mas, certamente, muito acima de outras individualidades que idolatramos e apadrinhamos em representações nacionais e que respondem com falta de ética e rigor.

José Maria Pignatelli

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