14.7.10

À mesa nas Festas da Cidade

  • Nem todos gostam do povo, nem do menu feito para o povo.
Desde sempre que os humanos sabem que as sardinhas como muitos outros peixes têm espinha.
É preciso retirá-la e deixá-la de lado quando se come a sardinha assada.
Também do entrecosto temos de retirar o osso.
Nas Festas da Cidade de Odivelas é o que temos de fazer… porque nas mesas colocam sempre sardinhas, com espinha. E para as comer, lá temos de nos dar ao trabalho de a remover.
Um verdadeiro aborrecimento, sobretudo para quem tem medo de sujar a fatiota de cor clara. E nas festas da nossa cidade são muitos que vestem cores claras.
É que há muitas outras festas dentro das festas de Odivelas, numa espécie de 2 em 1.
E vestir linhos ou popelinas claras é alternativa às gangas nesta altura do ano.
Mas as nódoas notam-se muito mais. Elas são um verdadeiro problema.
E como há quem prefira peixe sem espinha e não correr o risco de se sujar, não chegam a aquecer os lugares na mesa. Levantam-se prematuramente e nem pedem desculpa ao dono da casa.
Só que nestas festas as pessoas são tantas que a maioria dos convidados nem dá pelo sucedido. Como no tempo do Império Britânico concentram-se no Rei que, nos grandes momentos, juntava a si os amigos e pressupostos opositores. Percebia-se a influência da monarquia constitucionalista.
È que à instrução, os nobres juntavam a cultura da responsabilidade, a cultura da defesa dos interesses da Nação, a cultura da ética, a cultura da convicção e da ambição, a cultura da lealdade, precisamente o que a escola dificilmente consegue inspirar…
Sabiam precisar de todos e tinham espinha vertical, eram frontais, não enviavam mensageiros, qualidades importantes para a análise abrangente dos maiores desígnios do Estado.
Nas Festas da Cidade, estiveram Odivelenses instruídos a quem faltam muitas culturas, entre elas o que consubstancia a democracia… Lá estiveram alguns ilustres da terra que não apreciam comer à mesa do povo, o menu feito para o povo. Já não se recordam dos tempos idos, de alguém que fez sacrifícios e quiçá comeu o pão que o diabo amassou para os sustentar e lhes garantir instrução superior.

José Maria Pignatelli

1 comentário:

CSousa disse...

Com espinha ou c/osso... quem está, está. Quem não está, estivesse. Temos Pena!

Faz lembrar uns episódios antigos... um porque o choufer lhe devia abrir a porta da voiture, depois porque deveriam ser servidos em primeiro lugar, porque eram Vereadores. Não faltam a chamada de atenção que quando se fala com alguém de mais alta instância da CMO, não pode ser de qualquer maneira, de preferência com a devida vénia. Isto há com cada um(a).
Anda-se anos a aplicar o Dr para aqui, Dr para ali e depois vem-se a constactar que nunca foram ou fazem pretenções em sê-lo.
Como costumo dizer, doutores são os médicos... sorte a minha que trato de numeros!