4.6.10

Odivelas - Pelo menos às vezes deve ser difícil ser cigano.


Na última Assembleia Municipal apareceu um munícipe de etnia cigana que contou a história difícil que tem vivido nos últimos tempos. Não sei a veracidade, mas pareceu-me que aquele homem estava a falar verdade.

Era relativamente jovem e bem falante.
Disse logo que era de etnia cigana, que tinha 4 filhos, sendo que um deles é uma rapariga que tem 12 anos e é muito bonita. Por ser tão bonita, os outros ciganos que moravam no mesmo prédio (Arroja), queriam que ela casasse já.
Ele considera que a sua filha é muito nova e por isso não consentiu o casamento. Tal atitude na etnia cigana é considerada uma afronta e por isso teve que sair do prédio onde residia. Está a viver numa caravana há 4 meses, mas nesta casa improvisada, não tem condições, sequer, para tomar banho. Vive actualmente da ajuda de vizinhos e do Sr. Arnaldo Dias.
Perante esta situação solicitou à C. Municipal que trocasse o apartamento onde vivia, o qual tem 4 quartos, por outro na Pontinha, também municipal, que está vago e que tem 2 quartos.

Veio precisamente queixar-se da falta de vontade demonstrada pela câmara municipal em resolver a questão da habitação. Afirmou mesmo, que perante tal injustiça e a forma como se sente tratado, vai processar uma responsável municipal. Na sua opinião, essa funcionária não mostrou o mínimo interesse em resolver esta situação, o que tem vindo a condicionar fortemente a forma como pode tratar os seus 4 filhos.

Como tive oportunidade de afirmar no inicio do texto, não sei da veracidade dos factos, mas na A. Municipal ninguém a colocou em causa, o que sei, é que a resposta dada pelo Sr. Presidente de Câmara em exercício, Dr. Mário Máximo, na minha opinião foi vergonhosa.

Começou por atacar o homem. Disse, certamente para defender a funcionária em questão, que não gostava de ataques pessoais a profissionais da Câmara e que não é correcto fazê-los, mas na minha opinião, os ataques não foram pessoais, foram feitos à forma pouco profissional com que o assunto tem estado a ser tratado. Era só o que faltava agora, não se poder criticar a forma como os trabalhadores municipais exercem as suas funções.

Depois o Dr. Mário Máximo partiu para um elogio politico à Dr.ª Susana Amador. Fez a campanha politica do costume, que fizeram isto e aquilo, que fazem muito, etc., etc., mas não adiantou nada sobre o assunto em questão. Provavelmente não o conhecia, o que até compreendo.
Só que, ainda não contente com isto, solicitou, impávido e sereno, a este homem:
- capacidade de ouvir;
- capacidade para aguardar pela solução.

Volto a afirmar, agora pela terceira vez, que não conheço a veracidade dos factos, mas o que é certo é que eles não foram desmentidos. Em minha opinião, esta não é a forma de tratar uma pessoa que se apresenta com um problema desta gravidade.
A forma, a arrogância e a insesibilidade que o Dr. Mário Máximo demonstrou perante esta situação, volto a repetir, foi vergonhosa.

4 comentários:

Anónimo disse...

Caro Miguel Xara Brasil,
Como sabe, nem sempre o que parece é.
Referindo-me apenas aos factos concretos da situação em causa gostaria de o esclarecer do seguinte:
1) O munícipe em questão reside num fogo municipal sito na Arroja, freguesia de Odivelas, de tipologia 3, cujo arrendamento se encontra não em seu nome, mas em nome da companheira, sendo beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI);
2) Desde Fevereiro p.p., segundo é do conhecimento da CMO, que o munícipe se encontra ausente do fogo municipal, por desentendimentos com um vizinho (também ele de etnia cigana), pelo que deixou de o habitar com carácter permanente, pernoitando numa carrinha que colocou num dos parqueamentos do Empreendimento Habitacional da Arroja, onde reside uma das irmãs;
3) No final do mês de Fevereiro a titular do Contrato de Arrendamento, tinha uma dívida de rendas em atraso para com o Município no valor de € 4.440,26, sendo que a CMO lhe permitiu (quando podia ter dado início a um processo de despejo) a assinatura de um novo acordo para o pagamento das rendas em atraso, com início no mês de Março e términus em Fevereiro de 2014;
4) Na mesma altura, e face às questões colocadas pelo agregado familiar em questão, foi acordada com o mesmo a adequação de tipologia, para um outro fogo do património habitacional municipal, noutro local do Concelho uma vez que a família deseja sair da Arroja, o que ainda só não aconteceu (tal como tem sido repetidamente explicado ao munícipe em questão e à sua companheira, efectiva titular do arrendamento) porque o referido fogo se encontra em obras de reabilitação (de valor de mais de 16 mil euros) para poder acolher esta família, como a CMO sempre faz quando um fogo municipal fica devoluto antes de efectuar um novo realojamento, sendo que a conclusão das referidas obras se encontra prevista para o presente mês de Junho;
5) Para finalizar, apenas mais três notas: a primeira para dizer que, de acordo com as orientações expressas pela Sra. Presidente da Câmara, Dra. Susana Amador, a política social de habitação tem sido nos seus 2 mandatos um dos eixos estratégicos da actividade municipal, como o comprovam as mais de 1100 pessoas realojadas no anterior mandato autárquico e as 65 famílias já realojadas neste mandato; que os apoios sociais prestados pelo município, como é o caso dos realojamentos, implicam a contracção de responsabilidades e deveres de todas as partes, de que tem de ser também exemplo o pagamento atempado das rendas (de valor social) por parte dos arrendatários; a Dra. Carla Barra (actualmente Chefe da Divisão de Gestão de habitação Social) tem revelado ao longo de todos estes anos ser uma técnica de enorme qualidade pessoal e profissional, com elevado espírito de missão ao serviço da causa pública, e é, para todos os que com ela trabalham e conhecem o seu trabalho, credora de elevado reconhecimento.
Caro Miguel Xara Brasil, estando certo, por aquilo que de si conheço, que não deixará de publicar este esclarecimento,
Com os meus melhores cumprimentos,
O Chefe do Gabinete da Presidência da CMO, José Esteves.

Miguel X disse...

Caro José Esteves,
Como é óbvio, desde que as pessoas se identifiquem, em princípio todos os comentários são publicados. Neste caso, se enteder, até o poderei colocar como post, pois fica mais visivel (é só enviar-me um mail - miguelxb@gmail.com).


No meu texto mencionei por 3 vezes, de forma clara que não conhecia a veracidade dos factos, não obstante isso e porque os mesmo não foram desmentidos no local, a resposta, no meu entendimento, foi completamente inadequada.
Um Presidente de Câmara, em exercício ou não, não pode nunca, responder da forma como o Dr. Mário Máximo o fez. Só poderia ter feito se tivesse desmentido os factos, tal como o senhor o está fazer agora e isso não foi feito.
Com os melhores cumprimentos,
Miguel Xara Brasil

Miguel X disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Madalena Varela disse...

Com uma explicação tão minuciosa, conhecedora e exaustiva, talvez tenha sido um erro de casting da presidente da CMO, o de não ter deixado o Sr. José Esteves temporariamente nos seu lugar em vez do Sr. Mário Máximo!!! Penso eu de que....