17.5.10

Bento XVI – Nem só de sorrisos e bênçãos se fez o êxito desta viagem.



Muitos somos levados a pensar que esta viagem papal se tornou um êxito pela capacidade, até aqui desconhecida, que Bento XVI tem em comunicar com as populações.

Num dos posts anteriores já abordei esse aspecto. É verdade que isso ajudou, é verdade que as quebras de protocolo para isso muito contribuíram (pela primeira vez um Papa abandonou a cátedra para cumprimentar alguém, Bento XVI fê-lo para saudar Manuel Oliveira), também é certo que se criou uma grande empatia entre o Papa e os portugueses e/ou entre estes e o Papa. Mas, para além de tudo, houve uma viagem muito bem preparada, onde cada mensagem foi transmitida no momento certo, sempre pela positiva e de forma clara, não se escusando em apontar o dedo para o interior da própria Igreja.

O Papa que inicou esta visita a Portugal com a história dos abusos sexuais a pairar sobre a Igreja e ainda no avião que o trouxe a Portugal, para além de um elogio nação portuguesa, “arrumou” logo essa questão e fez com que durante toda a sua estada esse assunto não voltasse a ser mencionado.

Como puderam e poderão constatar caso pretendam ler na íntegra os discurso de Bento XVI, todos eles são claros e feitos pela positiva, em lado algum é feito qualquer ataque a quem quer que seja.

Primeiro, assume com frontalidade os pecados da Igreja e diz que os mesmos poderão merecer o perdão, mas isso não impede que a justiça seja feita. Afirma mesmo, "os grandes ataques à Igreja não vêm do exterior, mas sim, do seu interior."

Não teve qualquer dúvida, na sua primeira intervenção, logo à chegada e ainda no Aeroporto, em mencionar o 100º aniversário da República e afirmar que esse facto, o qual separou a Igreja do Estado, deu à Igreja uma maior liberdade de acção e de pensamento. Com este ponto afastou alguns pseudo-intelectuais republicanos de saírem a terreiro para o atacarem.

Bento XVI teve sempre presente o lado humanitário da Igreja e teve uma grande intervenção aquando da audiência com a Pastoral Social e da Saúde.

Aí alertou para a necessidade de haver uma responsabilidade social, uma noção de justiça social e grande sensibilidade humanista por parte de que tem a responsabilidade de liderar equipas e de lidar com problemas sociaias. Também alertou os religiosos portugueses para a necessidade de formarem consciências, com o intuito de no futuro termos lideres com estas preocupações.
Defendeu a família, o casamento entre homens e mulheres, e o valor da vida, solidarizando-se com todos os que lutam por estas causas.

Humildemente, com personagens ligadas à cultura disse: “há toda uma aprendizagem a fazer quanto à forma de a Igreja estar no mundo actual”

Assumiu que visitou Portugal como peregrino de Fátima e no Santuário afirmou que a mensagem de Fátima não está ultrapassada, pelo contrário, está viva e é actual.

Deixou uma mensagem de esperança:

- “A Igreja tem filhos insubmissos e até rebeldes, mas nenhuma força adversa poderá jamais destruir a Igreja.”

- “A nossa Fé tem fundamento, mas é preciso que ela se torne vida em cada um de nós”.


Aos jovens, que tanto o sensibilizou, não só pelo elevado número, mas pela alegria que manifestaram ao longo de toda a sua estadia, disse-lhes:

“É belo ser amigo de Jesus, vale sempre a vida segui-lo. Com o vosso entusiasmo, mostrai que entre tantos modos de viver que hoje o mundo parece oferecer-nos, todos aparentemente do mesmo nível, só seguindo Jesus é que se encontra o verdadeiro sentido da vida.”

No final (Porto), em jeito de conclusão diz: “A Igreja não impõe, propõe, tal como nos recomendou Pedro numa das suas cartas.”

Sem comentários: